Uma mandala é sempre simbólica, então vamos começar explicando o que são símbolos.
Símbolos são uma forma de representar a realidade. Eles são dinâmicos, vivos e vão além do consciente. Desse modo, podemos entender que o símbolo oferece um caminho circular, total, abrangente e dinâmico. O que é diferente da palavra que achata os significados a um plano linear e redutivo, que oferece conceitos mais estáticos. Símbolos e imagens maximizam as possibilidades de se transcender a compreensão na direção de algo maior. Por isso, eles são a comunicação consciente da mente subconsciente.
Círculos
O Círculo é a primeira das geometrias sagradas, pois espelha a unicidade da natureza e do cosmos. O círculo é uma forma que pode ser encontrada em todas as sociedades humanas. Afinal, o primeiro ser humano ao olhar para o céu de dia viu um grande círculo amarelo, ao olhar durante a noite, possivelmente viu um outro círculo, menor e branco. Já quando voltou seu olhar pra perto e olhou olho-no-olho de outra pessoa, viu outros círculos dentro de círculos.
Um círculo não tem começo e nem fim. Dessa forma, ele representa o movimento cíclico da natureza, a eternidade. Sua simbologia representa a natureza infinita da energia, a própria capacidade do Universo de incluir tudo que há. Ainda mais, ele representa o todo, a completude, o que para muitos representa a divindade também. Ele representa também o limite, a fronteira.
Matemática e simbologia
Segundo a matemática, o círculo tem dois lados: o de dentro e o de fora. Igualmente, ao pensarmos simbolicamente, o que está dentro, é tudo que nos une, é o ponto em comum. O lado de lado de fora está todo o resto, o caos.
Todo círculo tem um centro. O centro é a origem, o princípio, o ponto de partida de tudo. É por meio de sua irradiação que todas as coisas são produzidas. Simultaneamente é a ideia da criação divina que flui incansavelmente para o momento presente.
O círculo é a representação do Mundo, a roda das coisas, a roda da vida, bem como a manifestação do princípio central. A circunferência (a “roda”) simboliza a mudança continua, tal qual a eternidade em movimento ao redor de um ponto fixo. O centro representa também o “meio”, sendo o ponto equidistante de todos os pontos da circunferência. Dessa forma, o meio entre os extremos, representados por qualquer diâmetro, é o lugar em que tendências contrárias neutralizam-se em perfeito equilíbrio.
Mandalas
Começando pela definição, a palavra mandala vem do sânscrito, MANDA = essência e LA = conteúdo, portanto, mandala pode ser entendida como “aquilo que contém uma essência”. Sob o mesmo ponto de vista, a palavra tibetana para mandala é dkyl-khor, que significa literalmente “aquilo que rodeia um centro”.
Ao criar mandalas, estendemos círculos de luz e de cores no espaço, podendo dar origem para nossa cura, diversão ou inspiração. Dessa forma, quando entramos no mundo simbólico circular, entramos no espaço sagrado da proteção. Igualmente quando as pessoas realizam suas próprias mandalas, elas criam símbolos únicos que as ajudam a explorar seu espaço interior e dar sentido do ciclo da vida. O uso terapêutico das mandalas geralmente está relacionado ao desbloqueio ou ao despertar de sentimentos e sensações que temos dificuldades para lidar ou manifestar.
Em suma, podemos perceber que uma mandala não é meramente um símbolo ou um motivo circular com um único significado. É uma imagem com múltiplos significados. Bem como, ela pode ser entendida como uma totalidade psíquica, como um reflexo de si mesmo ou como consciência de um momento determinado.
Para mais informações sobre círculos e mandalas, recomendo:
Kunsang Tsering. Mandalas do Tibet. Vergara & Riba, 2012.
René Guenon. Os símbolos da ciência sagrada. Editora Pensamento, 1962.
Maria-Gabriele Wosien. Dança: símbolos em movimento. Editora Anhembi Morumbi, 2004.